Há tempos não escrevo aqui. A última vez foi sobre a morte do meu avô Luciano Pietrobon, um homem que eu tanto admirava, porém este ano foi tão incrível que não poderia passar em branco. Repleto de extremos, chorei como criança quando perdi meu tio e me contentei quando minha avó Honófria, não aguentando a saudade, foi encontrar meu querido vô no céu. Este ano eu também abracei o trabalho voluntário no Projeto Ubuntu e é disso que eu venho falar.
A internet é um meio poderoso de comunicação. Permite encontros que em outra época seriam impossíveis e proporciona a transmissão rápida de informações que antes demandariam muito tempo. Graças a este avanço tecnológico podemos acompanhar o que acontece no mundo inteiro e até mesmo colaborar por uma sociedade melhor através das novas formas de engajamento social que surgem frequentemente, basta estar conectado.
O Instituto C&A, referência em voluntariado empresarial, afirma que o voluntariado é “uma construção entre seres humanos que estão num mesmo plano e são capazes de somar competências para superar desafios.” [1]
Como um casal que percorre a trilha paquera-namoro-casamento, assim é estabelecida a parceria através do voluntariado.
Tudo começa na paquera, algo cativa a nossa admiração então nos aproximamos de modo cortês, despretensioso, desejando apenas conhecer um pouquinho mais, mas sem compromisso algum. A não ser que você tenha caído de pára-quedas em nosso artigo, eu asseguro que seu nível de envolvimento com o Projeto Ubuntu é no mínimo o de paquera. Este era o meu quando ouvi a desafiadora pergunta:
“De que forma você poderia usar seu talento profissional para servir a Deus?”
Confesso que fui pega de surpresa e no momento dei uma resposta superficial. Mesmo sendo cristã eu nunca havia imaginado que minhas habilidades na área criativa pudessem ser tão úteis. Deste então me pergunto o mesmo diariamente e com o passar do tempo descubro novas maneiras e meios de servir. Este exercício me ajudou a compreender melhor qual é o meu papel na sociedade. Foi assim que eu encontrei no Projeto Ubuntu um lugar como voluntária virtual.
O campo para o voluntariado virtual é amplo, vai desde compartilhamentos em redes sociais até o desenvolvimento de um site, tradução ou revisão de textos.
Também podemos citar: redação de contratos; assessoria jurídica; identificação de fontes de apoio e captação de recursos; banco de dados; coleta de informações; elaboração de campanhas; design gráfico; monitoramento de mídia social; podcasting; vídeos; etc.
O que faz o seu coração vibrar? Tente imaginar como o seu tempo e habilidades podem ser dedicados para juntos construirmos, no âmbito virtual, uma relação estruturada capaz de enfrentar e vencer problemas. Certamente sua resposta será o indicador de como você servirá melhor.
Este período de busca é semelhante ao namoro. Depende de várias condições para ser bem-sucedido. Nele observamos as possibilidades de uma futura aliança. Deve haver interesses em comum e uma soma positiva de qualidades individuais para se formalizar o compromisso.
O casamento acontece após uma decisão conjunta de se unir forças. Ele traz mudança significativa na vida daqueles que optaram pelo “sim”. Gosto da filosofia africana Ubuntu, pois, ela nos ensina o valor destas alianças e a importância das pessoas se relacionarem umas com as outras.
Através do trabalho voluntário como Designer Gráfico no Projeto Ubuntu, posso somar minhas habilidades com as habilidades de diferentes pessoas, utilizando assim o capital humano para contribuir tanto para a comunidade onde estou inserida quanto para países que estão a um Atlântico de mim num continente que tanto amo, a África.
O que recebo em troca não é aquele sentimento de “dever cumprido”, mas sim o de ser humana. A rica oportunidade de conhecer e interagir com pessoas incríveis que estão casadas com o mesmo propósito, ser e fazer a diferença que nosso mundo precisa. Muitas vezes precisamos apenas de uma pergunta simples que sacuda a nossa mente.
De que forma você poderia usar seu talento profissional para servir a Deus?
[1] “Voluntariado: um convite à participação social”, página 114.